segunda-feira, 7 de abril de 2008

Literatura Marginal

Lá para o finalzinho da tarde de hoje, encontrei o seguinte comentário sobre o Tropicalismo no livro "Estilos de Época na Literatura", de Domício Proença Filho. Leiam:

Reassumindo e incorporando a proposta antropofágica de Oswald de Andrade, ou seja, propondo-se a "deglutinação cultural", o Tropicalismo relativizou, como assinala Celso F. Favaretto, as posições antagônicas da época na realidade brasileira, quando se oscilava "entre a ênfase nas raízes nacionais e na importação cultural". Nesse sentido, caracterizou-se por uma dupla dimensão dialética e pretendeu ser, ao mesmo tempo, brasileiro e universal, sem qualquer preconceito estético, "apenas vivendo a tropicalidade". Esse propósito amplo, e de certa maneira vago, converteu-se numa ampla atitude de carnavalização, no sentido bakhtiano do termo. A esse traço, aliam-se, ainda como retomada da "antropofagia", pesquisa de técnicas de expressão, humor, atitude anárquica em relação aos valores da burguesia, a que não faltam o sarcasmo, o deboche, a ironia, o espirito de paródia, o cosmopolitismo estilístico. Representou também "uma apropriação da pop-art e da op-art americanas e das vanguardas brasileiras" e é tido por alguns críticos como manifestação da "estética do precário". Os anos 70 assinalam o declínio da atitude.

Meu comentário sobre o trecho destacado? Desculpe Sr. Domício, mas eu discordo totalmente da última frase. Como os anos 70 não foram expressivos, se foi a partir desta época que a chamada Poesia Marginal veio à tona, provando que litetura não precisava de editora, censor ou quaisquer outras aprovações burocráticas para ser publicada? Na época, escritores e artistas que se identificavam com o título "marginal", driblavam a ditadura, reuniam seus poemas e romances e os publicavam em fanzines, jornais alternativos, panfletos. Não concordo com o termo "carnavalização" também. O que era manifestação, então?

Exemplo vivo de que a atitude estava presente na juventude contemporânea de 1968, dez anos mais tarde, três jovens negros cansaram de tanta repressão e organizaram o que ainda hoje é considerado símbolo de resistência do movimento negro, os "Cadernos Negros".

Embora o lançamento dos Cadernos só tenha ocorrido em 1978, oito poetas negros uniram seus trabalhos, tornando-se vanguardas ao driblar a recriminação que havia no período ditatorial com relação à arte afro-descendente. Mais provas e informações:

http://bayo.sites.uol.com.br/historico_cadernos_negros.htm

ou

http://www.quilombhoje.com.br/

Nenhum comentário:

 
Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.