Chieko descobriu que as violetas floresceram no tronco do velho bordo.
Ah! Elas haviam florido naquele ano de novo, pensou ela diante da suavidade da primavera. O bordo era realmente grande para o pequeno jardim no meio da cidade, seu tronco mais corpulento que os quadris dela. Muito embora a superfície velha e áspera do tronco, coberta de musgo, não pudesse ser comparada a seu corpo jovem e delicado...
Na altura do quadril de Chieko, o tronco ligeiramente retorcido da árvore dobrava-se à direita, logo acima da cabeça dela. A partir dessa dobra, numerosos galhos se estendiam em todas as direções e dominavam o jardim. As extremidades dos longos ramos pendiam um pouco devido ao próprio peso.
Logo abaixo da dobra parecia haver duas pequenas cavidades, e em cada uma delas cresciam violetas que floriam a cada primavera. Pelo que se lembrava Chieko, aqueles dois pés de violeta sempre estiveram ali.
Trinta centímetros separavam as violetas de cima das de baixo. Chieko, que chegava à plenitude da mocidade, às vezes perguntava a si mesma se elas se encontrariam algum dia. Será que se conheciam?, pensava ela.
O que significaria, entretanto, "encontrar-se" e "conhecer-se" para as violetas? Floriam três, quando muito cinco, a cada primavera, não mais que isso. Apesar de tudo brotavam e desabrochavam todo ano naquelas pequenas cavidades da árvore. Chieko contemplava-as da varanda, ou junto ao bordo, e, por vezes, sentia-se comovida pela "vida" das violetas sobre a árvore, ou se sensibilizava com a "solidão" delas.
Uma delícia.
Um comentário:
Antes de ler o autor já sabia quem poderia ter escrito o post. Cultural oriental é com você mesmo.
Gostei do trecho destacado. =D
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